

O pleito antecipado para eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, em mais de 450 dias, gerou surpresa e gerou agitação na política capixaba. A antecipação garantiu a reeleição do presidente Erick Musso (Republicanos), após a aprovação da PEC 28, que permitiu a manobra.
Entre reclamações e dúvidas quanto à legalidade da medida por parte de alguns deputados, o governador Renato Casagrande (PSB) promoveu mudança na liderança do Governo na Assembleia. Saiu Enivaldo dos Anjos (PSD) e foi efetivado o deputado Freitas (PSB).
Considerado homem de confiança do governador Renato Casagrande, José Eustáquio de Freitas está em seu quarto mandato como deputado estadual tendo assumido a atual Legislatura após a saída de Bruno Lamas (PSB), que assumiu a Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades).
Freitas, que é considerado mais próximo de Casagrande e, cuja atuação durante a sessão que aprovou a antecipação foi decisiva para os interesses do governador manter a governabilidade, conversou com a reportagem do Portal SBN.
Como entender a aprovação da PEC 28, que permitiu a antecipação da eleição da Mesa Diretora na Assembleia? Além disso, como explicar a sua participação na Mesa como 2º secretário e, posteriormente sendo escolhido como líder do Governo?
Aqui na Assembleia é preciso estar atento a tudo que acontece. A eleição extemporânea da Mesa Diretora na quarta-feira, no último dia de sessão da semana na Casa, surpreendeu a todos os deputados, mesmo alguns que tiveram a oportunidade de conversar com o presidente no dia anterior. Talvez não estivessem convictos que o presidente iria sugerir essa pauta antes da sessão começar na quarta. Quando o deputado Marcelo Santos (PDT), que estava como presidente na ocasião, abriu a sessão para o registro de chapas, muitos deputados ainda não estavam no Plenário. Havia poucos deputados e mesmo assim, o presidente abriu a contagem de tempo para inscrição de chapas.
O governo foi pego de surpresa?
O presidente em exercício abriu a sessão e deu 5 minutos para protocolo de chapas para eleição da Mesa Diretora de 2021, um ano e três meses de antecipação! Foi uma surpresa! Diante de um cenário desses foi preciso fazer alguma coisa. Foi preciso ação e colocar em prática alguma medida. E muito rapidamente eu percebi que a liderança do Governo não tinha nenhum encaminhamento. Como não havia nenhum encaminhamento, a gente tem que imaginar que, ou o Governo também está sendo pego de surpresa ou que o Governo compartilha!
A sua boa relação com o governador Casagrande contou para essa ação?
Eu imaginei que precisava ter uma composição mais governista possível. Eu sou governista. Acredito muito no Governo Renato Casagrande! Para mim, o Governo precisa ter três qualidades essenciais, qualquer militante de vida pública eletiva precisa de três qualidades imprescindíveis: trabalhador; competente e bem intencionado. E o governador Casagrande é! Faz um segundo governo extraordinário! Portanto, eu percebi que precisava fazer um movimento no sentido de que a composição da Mesa Diretora tivesse harmonia com o Governo. Precisava ter uma composição mais governista! O Erick Musso (Republicanos) é presidente e antecipou a eleição para continuar presidente. Então eu sugeri o meu nome e do Coronel Quintino (PSL) para fazer parte da Mesa. Então entrei no debate – que foi muito rápido por que eram cinco minutos! O próprio Erick me pressionou e eu condicionei a minha entrada com a entrada do Quintino. Aceitaram o meu nome e o Quintino, não. Eu aceitei por que, na pior das hipóteses, tem um governista. Se é correto, pra mim passou a ser secundário, pode-se discutir depois, porém precisava ter alguém do Governo naquela Mesa que estava sendo composta.
O senhor passou a ser líder do Governo. Contou para isso a sua experiência mostrada na interpretação daquele momento?
Para mim, a partir do momento que tem uma decisão do Governo em mudar a liderança e me convidar para ser líder e eu aceitar, passo a olhar o que aconteceu como parte do passado. Já não cabe mais a minha participação. Creio que cabe a participação da Justiça, da sociedade civil em questionar. Acredito que fui importante em questionar sendo pego de surpresa e na posição de governista naquele Plenário. E vejo que a minha participação será mais importante a partir de agora enquanto líder do Governo.
Valendo-se do seu conhecimento, práticas como essa para se perpetuar no poder encontram paralelo com o passado recente do Estado?
Não posso buscar a retórica do passado. Vou condenar aquele passado e, hoje, o Espírito Santo vive novos momentos. E do meu ponto de vista não podemos retroceder um único passo nesse sentido. Eu sou parceiro e agora líder do Governo para ajudar a construir novos momentos que oportunizam melhores dias para o povo capixaba, em cada canto que o capixaba vive.
O senhor pensa ser possível uma boa convivência do Legislativo com o Governo do Estado a partir dessa inusitada eleição da Mesa Diretora?
Essa é a nova proposta. Essa é a base da liderança que inicia agora. Fazer com que o Governo tenha uma base consolidada na Assembleia Legislativa e essa é a minha busca. Uma base consolidada e que a liderança seja valorizada na interlocução dessa base com o Governo. É importante dizer que eu me sinto completamente honrado em ter a confiança de um Governo altamente exitoso, de resultado, um Governo trabalhador, competente, bem intencionado e confiando em mim a responsabilidade de representar e liderar a base governista aqui na Assembleia. Vou fazer isso olhando pro horizonte buscando a parceria dos meus colegas deputadas e deputados, buscando uma relação fina e equilibrada, valorizando o Plenário com o objetivo de entregar um Estado cada vez melhor para os capixabas.
Quais são os desafios que o senhor imagina que terá agora na condição de líder do Governo a partir da consolidação dessa nova Mesa Diretora, da forma que se deu a eleição?
Acredito que o principal desafio é promover convergências, equilíbrio nas relações, promover o diálogo. E mostrar para os colegas deputados que nós todos queremos o melhor para o Estado. Eu me recuso a creditar que algum deputado não queira o bem do Espírito Santo! Eu quero fazer com que eles observem que essa é a meta do Governo Renato Casagrande. Melhorar cada dia mais o Espírito Santo, fazer uma gestão fiscal austera e eficiente, mas, com um tempero forte de uma política social inclusiva, valorizando todos os setores de todas as regiões do Espírito Santo.
Fonte: PORTAL SBN